

Nos anos de 1516 e 1517, Martinho Lutero tinha pregado várias vezes contra a venda de indulgências. Isso exigia coragem, porque João Tetzel tinha recebido autoridade para excomungar qualquer um que falasse contra as suas atividades.
Lutero não estava com medo. Outros antes dele tinham pregado contra as indulgências. Por outro lado, Tetzel esta fazendo, para as suas indulgências, reivindicações que nunca tinham sido feitas antes. Lutero achava que os líderes da igreja realmente não sabiam o que Tetzel estava fazendo. Lutero estava certo de que quando eles descobrissem, poriam um fim a esse vil comércio. Lutero amava a sua igreja e estava tão-somente tentando defendê-la da influência nociva de um falso mestre.
Pelo mês de outubro de 1517, Tetzel tinha deixado a área de Wittenberg. Mas o dia de Todos os Santos, 01 de novembro, esta se aproximando. Milhares de pessoas haveriam de procurar indulgências, contemplando as relíquias de Frederico, o Sábio. Assim sendo, Lutero subiu para trabalhar em sua cela lá na torre do mosteiro. Estava decidido a aproveitar a oportunidade para tornar públicas suas idéias. Tentemos imaginar como tudo aconteceu: a data é 31 de outubro de 1517, véspera de Todos os Santos.
O povo está começando a se ajuntar nas ruas de Wittenberg, esperando que os serviços religiosos comecem.
Um monge, usando um capelo e um anel de professor universitário, sai do mosteiro agostiniano e caminha através da praça do mercado. Sobe os degraus da Igreja do Castelo e, chegando à porta, desenrola uma grande folha de papel, afixando-a na porta norte. Depois, retira-se rapidamente junto com um companheiro, enquanto os circunstantes se acotovelavam, curiosos de ver o que está escrito no papel.
O texto está escrito em latim. À medida que as pessoas se aglomeram em torno, alguns que sabem ler o latim traduzem o texto para o alemão, para que os demais ouçam. O escrito começa com estas palavras:
"Com o desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg, sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre em Artes e em Sagrada Teologia. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem, o façam por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém".
Seguem-se então as 95 teses, ou sentenças, para debate. A primeira delas diz:
1. Quando nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo disse "Arrependei-vos", ele inegavelmente declarava que a vida inteira do cristão deve ser um ato contínuo de arrependimento. Algumas das outras teses rezam assim:
32. Todos aqueles que se acreditavam seguramente salvos em virtude de suas cartas e perdão, serão condenados para sempre, juntamente com seus mestres.
36. Todo cristão que verdadeiramente se arrepende dos seus pecados está livre tanto do castigo como da culpa, sem necessidade de cartas de indulgência.
62. O verdadeiro tesouro da igreja é o santo evangelho da glória e da graça de Deus.
82. Se o papa está disposto a libertar as almas do purgatório a troco de dinheiro, por que ele não faz isso como um ato de genuíno amor?
No ataque de Lutero à venda de indulgências, encontramos três pontos principais: 1) Ele disse que os alemães não deviam pagar pela construção da Basílica de São Pedro em Roma; 2) ele estava absolutamente seguro de que indulgências não concedem perdão de pecados. O perdão vem tão-somente através do arrependimento e da fé em Cristo; 3) ele também sustentava que a compra de indulgências levava o povo a pensar que o viver cristão não era importante. E acrescentava: "Aquele que dá ao pobre, faz uma obra melhor do que aquele que compra uma indulgência".
As Teses de Lutero foram secretamente impressas na Alemanha, e dentro de pouco tempo estavam espalhadas por toda a Europa. Muita gente aclamava Lutero por ter ousado falar a verdade. Outros, por razões diferentes, queriam silenciá-lo.
Alberto, Arcebispo de Mainz, era um dos que queria fazer Lutero calar-se. Com esse intento, enviou uma cópia das Teses a Roma, pedindo ao papa que fizesse Lutero parar de pregar ou escrever sobre as indulgências.
Mas o papa, a princípio, não parecia estar muito preocupado com a questão. Para ele, tudo não passava de outra querela de frades: era só não fazer nada e a coisa toda em breve cairia no esquecimento.
Tetzel era outro interessado em fazer Lutero parar. Depois dessa primeira arremetida de Lutero, a venda de indulgências caiu drasticamente. Como primeira providência, Tetzel ameaçou Lutero com a fogueira. Diante da ineficácia da medida, Tetzel chamou os dominicanos, seus confrades, para auxiliá-los. Juntos, apelaram para os líderes em Roma para que pusessem fim à disseminação dos "perigosos" ensinos de Lutero.
Aí os líderes da igreja em Roma começaram a agir. O chefe geral da Ordem dos Agostinhos exigiu que João Staupitz resolvesse o "problema luterano". Os agostinianos alemães realizaram uma conferência em Heidelberg em abril de 1518. Apesar dos avisos de que sua vida corria perigo, Lutero foi a essa conferência, percorrendo cerca de 400 quilômetros de Wittenberg a Heidelberg.
Num debate com os professores da Universidade de Heidelberg, Lutero defendeu seus pontos de vista sobre graça, fé, pecado e livre arbítrio, saindo-se muito bem na empreitada. Conforme o testemunho de um dos presentes, "suas respostas – concisas, judiciosas e sempre com base nas Santas Escrituras – cativaram facilmente os seus ouvintes, transformando-os em seus admiradores".
Os agostinianos não mandaram que Lutero parasse de pregar e escrever. Em vez disso, solicitaram que explicasse suas teses mais amplamente por escrito. Quando Lutero o fez, enviaram cópias ao papa.
A excursão do colégio estava marcada para as oito horas, mas já eram oito e quinze e ainda não haviam saído. Alguns começavam a ficar impacientes. A professora tentava acalmá-los.
- Por que não saímos ainda? – perguntou um dos adolescentes.
- Porque faltam dois colegas – respondeu a professora.
- Mas esperar por quê? – disse outro. Talvez eles nem venham, e estamos aqui perdendo tempo.
- Eu entendo que vocês estejam ansiosos, tornou a professora. Mas pensem bem, 15 ou 30 minutos de espera para vocês, podem significar 30 minutos de paciência que tivemos para que os colegas atrasados se juntassem a nós.
Esta explicação da professora ilustra bem o que Pedro escreve em sua segunda carta sobre a volta de Cristo no fim dos tempos. O apóstolo prevê que vai chegar o tempo em que alguns vão estar cansados da demora, vão desistir de acreditar e até vão zombar dos que ainda acreditam.
Mas, do ponto de vista de Deus, na verdade, não é demora, e sim, paciência. Ele não quer que ninguém fique de fora, mas que todos entrem no ônibus da fé que leva à vida eterna. Por isso, alguns dias que para uns podem significar demora, para outros, significam a eternidade.
Em Deus, não existe demora. Tudo tem seu tempo certo. Um dia a mais de vida pode representar para alguém exatamente a oportunidade de ouvir o evangelho e crer em Jesus Cristo, para sua salvação. O que torna nossa espera ainda mais gratificante, por sabermos que teremos mais companhia rumo à eternidade.